A crise política sem fim e sem precedentes sugere algumas reflexões sobre o problema da ética na política. Nenhuma profissão é mais nobre do que a política porque quem a exerce assume responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. A atividade política só se justifica se o político tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações, além de buscarem a conquista do poder, forem dirigidas para o bem público, que não é fácil definir, mas que é preciso sempre buscar. Um bem público que variará de acordo com a ideologia ou os valores de cada político, mas o qual se espera que ele busque com prudência e coragem. E nenhuma profissão é mais importante, porque o político, na sua capacidade de definir instituições e tomar decisões estratégicas na vida das nações, tem uma influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão.
A ética da política, porém, não é a mesma ética da vida pessoal. É claro que existem princípios gerais, como não matar ou não roubar, mas entre a ética pessoal e a ética política há uma diferença básica: na vida pessoal deve-se esperar que cada indivíduo aja de acordo com o que Max Weber chamou a ética da convicção, ou seja, a ética dos princípios morais aceitos em cada sociedade já na política prevalece a ética da responsabilidade.
A ética da responsabilidade leva em consideração as conseqüências das decisões que o político adota. Em muitas ocasiões, o político é obrigado a tomar decisões que envolvem meios não muito nobres para alcançar os objetivos públicos. O político, por exemplo, não tem alternativa senão fazer compromissos para alcançar maiorias.
A expressão ldquoética da responsabilidade dquo é uma forma mitigada do clássico princípio republicano de Maquiavel de que os fins justificam os meios. Para o grande pensador florentino, fundador do republicanismo moderno, o interesse público era o critério essencial, mas diferentemente do conceito de ética da responsabilidade, ele justificava praticamente qualquer meio desde que visasse o interesse público.
Nessa contradição entre os fins públicos e os meios existe um problema de grau. É claro que o político deve ser fiel à sua visão do bem público, mas não pode ser radical tanto em relação aos fins nem aos meios. Não pode acreditar que detém o monopólio da definição desse bem: o político democrático e republicano tem a sua visão do interesse comum, mas respeita a dos outros. Por outro lado, ainda que o uso de meios discutíveis possa ser justificado em certas circunstâncias, é evidente que não podem ser quaisquer os meios utilizados. É preciso aqui também ser razoável: alguns meios são absolutamente condenáveis e, portanto injustificáveis. Foi por isso que Weber, ao invés de ficar com a ética de Maquiavel, preferiu falar em ética da responsabilidade, para poder enfatizar o fator grau na escolha tanto dos fins quanto dos meios.
O político deve agir de acordo com a ética da responsabilidade, porque essa é a única ética compatível com o espírito republicano. Um grande número de políticos, porém, não age de acordo com ela. Muitos agem imoralmente como temos visto nesta crise. Sugiro que, adotando os critérios anteriores, há três tipos de imoralidade na política: imoralidade quanto aos meios, quanto aos fins, e quanto aos meios e aos fins.
A imoralidade quanto aos meios é aquela que resulta de os meios utilizados serem definitivamente condenáveis. A imoralidade quanto aos fins é aquela que se materializa quando falta ao político a noção de bem público: ainda que seu discurso possa afirmar valores, ele realmente busca apenas seu poder ou seu enriquecimento, ou ambos. Neste caso configura-se o político oportunista, que não tem outro critério senão seu próprio interesse. Há certos casos, em que a imoralidade é apenas em relação aos meios, outros, apenas quanto aos fins, mas geralmente é uma imoralidade tanto dos meios quanto os fins: o político usa de quaisquer meios para atingir seus fins pessoais. Neste caso temos a imoralidade absoluta, o oportunismo, radical.
Quando pensamos nos principais responsáveis pela atual crise moral, o que vemos é que poucos foram imorais apenas em relação aos meios, utilizando meios condenáveis como a corrupção e o suborno, mas se mantendo fiéis a seus valores. A maioria é constituída de políticos que traíram todos os seus compromissos e passaram a adotar políticas econômicas que até o dia anterior criticavam acerbamente. Não agiram de acordo com a ética da responsabilidade ou mesmo com a ética de Maquiavel, mas de acordo apenas com seu interesse em se compor com os poderosos ou com os que pensam serem os poderosos aqui e no exterior. Seu único objetivo era e continua a ser sua permanência no poder. Um desses políticos acabou de perder o poder em um dos episódios mais lamentáveis de nossa história o outro continua a fazer campanha como se não fosse responsável por nada. Esse tipo de política, porém, tem vida curta nas democracias.
Ética social
A ação para difundir os valores, a formação espiritual e social das consciências, a difusão de uma mentalidade que favoreça a afirmação da moralidade pública em todos os níveis, contribui para gerar "homens novos" segundo o Evangelho, homens socialmente preparados e inseridos profundamente no contexto social atual.
Hoje, a exigência ética fundamental é de que seja recuperada a possibilidade de se reconstruírem relacionamentos de comunhão entre as pessoas e entre as comunidades, em todos os níveis: familiar, social, econômico, político, etc. Aqui se encontra o antídoto para o mau moral, porque a comunhão entre as pessoas coloca-as na condição de crescerem com responsabilidade diante de si mesma e dos outros e de se doarem, realizando-se num contexto comunitário que favorece a atuação das exigências da solidariedade social.
No âmbito do movimento, são muitas as iniciativas nesse sentido, principalmente no campo da ética social, da administração pública, da justiça.
De fato, é muito rica a contribuição que chega através de assistentes sociais, juizes, administradores locais, agentes da ordem pública, educadores e juristas.
O intercâmbio de experiências e o trabalho em comum levaram à descoberta de novos métodos de intervenção nesses campos, a partir do valor da pessoa humana, seja qual for a condição em que ela se encontre.
Um exemplo disso é o quanto se trabalhou no âmbito dos institutos penais na Itália, na Nigéria, na República dos Camarões, na Espanha, na Venezuela e em muitos outros países.
Recentemente houve na Itália um momento de intercâmbio de experiências entre agentes do sistema penitenciário, com a presença de voluntários, psicólogos, carcereiros, juizes, ex-presidiários, capelães, diretores de presídios e advogados. Conclui-se que o trabalho em equipe é insubstituível e deve ser centralizado na pessoa
A ética no trabalho
Vivemos em sociedade. Segundo o dicionário Aurélio, uma das definições de sociedade é: “conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência de grupo; corpo social.” Parece ser senso comum que, em uma sociedade saudável, cada membro deva desempenhar um determinado papel seguindo uma norma básica: procurar fazer o que lhe cabe da melhor maneira possível, visando ao bem de todos.
É importante que cada um faça o seu trabalho. Entretanto, isso não é suficiente, pois cada tarefa deve ser bem cumprida, com esmero e capricho. Não basta fazermos. Temos por obrigação fazer bem feito! Essa ética do trabalho é o que está por trás das sociedades mais bem sucedidas no mundo, em que todos procuram fazer o melhor que podem no que lhes é cabido.
Precisamos lutar por essa ética em nosso país. Cada um de nós deve procurar fazer o melhor naquilo que lhe compete. Precisamos buscar o “Magis”, como Santo Inácio instruiu no século XVI.
Não deveríamos nos contentar com o “mais ou menos”, mas exigir o melhor de nós mesmos e dos outros. Se cada um fizesse o melhor que pode no papel que lhe foi atribuído na sociedade, com certeza viveríamos em um mundo melhor. Os políticos zelariam pelo bem da sociedade e o Congresso efetivamente legislaria. Os policiais garantiriam a segurança pública, os criminosos responderiam pelos seus atos, os jogadores de futebol dariam o melhor de si, os prestadores de serviços deixariam seus clientes satisfeitos, os pais educariam seus filhos, os professores ensinariam com maestria e os alunos cumpririam seu papel, que é o de estudar o que lhes é ensinado. Enfim, todos deveriam procurar desempenhar muito bem o seu papel na sociedade!
O segundo semestre está iniciando e, no meio de tanto caos urbano e social, temos o desafio de exigir o melhor de nós mesmos e dos outros. É essencial que cada funcionário cumpra suas tarefas com alegria e dedicação, que cada professor se esforce por ministrar aulas motivadoras e dinâmicas, que cada coordenador de série faça o seu melhor no acolhimento ao aluno, no atendimento às famílias e na orientação do processo pedagógico. E, principalmente, que cada aluno dê o máximo de si mesmo, cumprindo com todas suas tarefas escolares, pois sua obrigação, nesta fase da vida, é com o seu estudo. É importante que o aluno entenda que o seu estudo é o seu trabalho e que é necessário que ele seja realizado com esforço e dedicação.
Por sua vez, nós educadores, precisamos motivar cada aluno para que ele faça o que lhe compete. Com certeza, estaremos colaborando para construir um futuro diferente, pois os adultos de amanhã aprenderão desde cedo que, sem trabalho, não há resultados e, sem resultados, não há sociedade sustentável.
IVAN CARLOS DA SILVA
MARIA JOSE TAVARES DE MELLO SANTOS
HERBERT PRATTS
CELSO LUIZ ALMEIDA DOS SANTOS
VALÉRIA ALMADA
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